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ninfeias

O NINFEIAS, núcleo de pesquisa coordenado pela pesquisadora e performer Nina Caetano - professora do departamento de artes cênicas da UFOP - visa a investigação de teorias feministas e práticas performativas. Funciona como uma rede colaborativa, instigando a provocação artística, encontros e trocas entre estudantes da Graduação e da Pós Graduação da UFOP e a comunidade ouropretana.
Atualmente o NINFEIAS é composto por Amanda Marcondes, B. Campos, Caroline Andrade, Caroline de Paula, Caroline Moraes, Danielle dos Anjos, Giulia Oliva, Jackeline Análio, Keila Assis, Marcinha Baobá e Renata Santana.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

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Adorando viver meu feminino livre, sozinha. E descobri uma coisa, que resolvi contar hoje, quase uma urgência. Aliás, assumo, é uma urgência. Vontade mesmo de falar sobre isso. Não é uma postagem para ser lida e curtida, não. Eu estou escrevendo isso prá mim. É. Prá eu me lembrar disso. É uma afirmação que faço prá mim. Eu irei reler tudo isso quando terminar de escrever, talvez várias vezes. Eu preciso fazer isso, porque procuro uma palavra que corresponda a algo que só intuo, só percebo. Líquido, gasoso, sem nomeações. Porque estou no impulso de beber essa escrita e não quero desatar desse empurrão que me ocorre agora. Correnteza íntima, deságuo.
(Diário de menina? Sei lá.)
Quero escrever sobre esses momentos raros de vida que tenho passado, entendendo meus processos de intuição.
Olho minha cara no espelho e ela parece uma cara mais arisca.
(e eu percebo que estou envelhecendo essa cara, eu acho isso bonito.)
Sinto-me acarinhada como moradora desse corpo. Observo o mundo. Ajo-mundo. Peso e flutuo mundo. Tomei uma espécie de cápsula de mundo e, então, o que se apresenta lembra uma deriva consciente. Algo assim.
Mas não sou mais sereia, eu sou uma pedra de litoral, dessas que se avista ao longe e serve para querer sentar, ver o mar, ver o lago. Eu não sou mais o lago também. É esse perceber-me esta outra coisa que move essa escrita. Eu deixei de ser contemplação. Estou um pouco tinta, um pouco rabisco, um pouco pincel, um pouco tela, um pouco rascunho, um projeto que não quer ser resultado, entende? É dessa dobra e desse desvio onde observo e fruo mundo, nuances de mundo. Mostruário de tintas e texturas. Cor-turas diferentes.
Metades em mim tecidas em sombra e luz, consciência de existência singular e coletiva. Eu sou uma mulher e respiro junto com outras, outros. Qual é a música das nuances de respiração do feminino? Quais o desenho dessas nossas ondas? Como ressoamos todas em suspiros, gemidos, alívios, descansos, fluxos, refluxos, partos, carnes, tempos?
Eu não escuto essa música porque eu não paro de compô-la. Mas sinto minhas companheiras. Nós, perceptos em frequências.

(T.C - 17/04/2014 - 13:03h)


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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Sobre Dançar é uma Revolução - Ação 01/04/2014.

Toda vibração tem a delicadeza de uma vidraça 
e a textura da espuma de um sabão.
As vibrações são ações em sufixo
que vibram em prefixo.

A fibra da vibração é de cordão de veia com artéria, fundidas.
Calafriocalacalor,
formigamento íntimo,
Revolta atômica,
rebelião celular,
dança microscópica,
Baile mitocôndrio,

Mágicorpo,

Magícorpo,

Magicórpo,

Magicorpó,

corpo mágico acentuado.



(T.C)





varal das torturadas




Uma mulher, ali,
no ponto de ônibus via
pelo varal das torturadas
pelo Golpe de 1964
a sua própria fotografia

Era uma fotografia
de verbo onde pouco
se contava
e muito se via.

Era um retrato falado,
atualizado, dos golpes
que também a torturavam
em 2014.

Um quatro em comum.

Um quadro em comum.

E pedia para que a dança
do corpo de toda mulher,
possa contrapor
as paisagens violentas da cidade.

Chovia dentro de nós,
dentro dos nós
de cada garganta.

Queremos ser livres.

Dançar é uma revolução! ato realizado no dia 01.04.2014, na Praça da Estação, em Ouro Preto/MG.
Texto de Thaiz Cantasini para o registro fotográfico de Biel Machado.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

dançar é uma revolução

video de Julliano Mendes, registro do ato público, organizado pelo NINFEIAS, em memória das mulheres mortas e torturadas pela ditadura instaurada pelo golpe militar de 1964. 
em memória da mulheres ainda hoje mortas pelos resquícios violentos desse regime. 
somos todxs telma iara nilda esmeraldina lígia lourdes luiza maria lúcia maria regina maria célia maria augusta marilene heleni pauline alceri aurora lúcia ana maria ana rosa anatália aurea ranúsia soledad sônia suely walquiria jana ieda isis dinaelza miriam gastone catarina labibe margarida mônica liliana lyda cláudia ferreira.
para que nenhuma mulher mais seja violentada.
para que nunca mais aconteça.
dançar é uma revolução - 01/04/2014

para que a gente não se esqueça.



Paulista de Bebedouro, Heleny foi casada com Ulisses Telles Guariba, professor de história na USP, de quem tinha sido colega na Faculdade de Filosofia da mesma universidade. Tiveram dois filhos. Ela se especializou em cultura grega, trabalhou em teatro e deu aulas na Escola de Arte Dramática de São Paulo (EAD). Em 1965, Heleny recebeu uma bolsa de estudos do Consulado da França em São Paulo, especializando-se na Europa até 1967. Ao voltar ao Brasil foi contratada pela Prefeitura de Santo André para dirigir o grupo de teatro da cidade. Em março de 1970, foi presa pela primeira vez, em Poços de Caldas (MG), por sua militância na VPR. Heleny foi torturada na Operação Bandeirante (DOI-Codi/SP) pelos capitães Albernaz e Homero. Ficou internada no Hospital Militar dois dias, em razão de hemorragia provocada pelos espancamentos, até ser transferida para o Dops/SP e depois para o Presídio Tiradentes, onde foi assistida pelo advogado José Carlos Dias, que seria mais tarde presidente da Comissão Justiça e Paz de São Paulo e, posteriormente, ministro da Justiça. Solta em abril de 1971, a militante preparava-se para deixar o país quando, três meses depois, em 12 de julho, foi presa no Rio de Janeiro por agentes do DOI-Codi/RJ, juntamente com Paulo de Tarso Celestino da Silva, da ALN. Seus familiares e advogados fizeram buscas persistentes por todos os órgãos de segurança. Apesar do silêncio e da negativa sistemática das autoridades, as provas acerca da prisão e do desaparecimento dos dois militantes foram sendo coletadas. Inês Etienne Romeu, em seu relatório de prisão, testemunhou que, durante o período em que esteve sequestrada no sítio clandestino em Petrópolis (RJ), conhecido como “Casa da Morte”, ali estiveram, no mês de julho de 1971, dentre outros desaparecidos, Walter Ribeiro Novaes, Paulo de Tarso e uma moça, que acredita ser Heleny. Lá, ela foi torturada durante três dias, inclusive com choques elétricos na vagina.
Fonte:
 http://www.comunistas.spruz.com/mulheres.htm